{MLI2015} 1ª SEMANA

Minha semana pode ser descrita como produtiva. E desesperada. Tudo que consigo pensar ultimamente é no fatídico número dezesseis que é a quantidade de livros na minha lista e em como falta pouco mais do que isso para o mês acabar...

Que fique registrado que culpo a Leila por ter me metido nessa. 

Não li nada muito longo, então consegui terminar a semana com o saldo positivo de cinco livros completados. Infelizmente, a maioria deles me decepcionou um pouco. Nunca leio YAs esperando que entrem na minha lista de livros favoritos, então a menção (des)honrosa vai para Caixa de Pássaros, que pareceu discurso de político brasileiro em ano eleitoral: apenas promessas.

Um breve comentário sobre cada um deles:

NO CORAÇÃO DA FLORESTA 

Título original: If You Find Me 

Autor: Emily Murdoch 

Editora: Nova Fronteira 

Ano: 2015 

Páginas: 272 

Sobre o que é: Carey, uma adolescente sequestrada pela própria mãe quando criança, é resgatada de uma área remota da floresta, juntamente com a irmã mais nova, e devolvida à guarda do pai. O livro mostra como as duas garotas se adaptam a uma vida normal depois de anos de abusos e isolamento. 

Avaliação:

Antes de explicar o porquê de avaliar esse livro como mediano, quero dizer que, no geral, ele consegue ser melhor do que isso. Comecei a lê-lo às cinco da manhã de uma madrugada insone e, ao invés de me ajudar a dormir, ele me manteve acordada por mais cinco horas, até que descobrisse todos os mistérios do passado de Carey e sua jovem irmã Jenessa. 

O tema do livro, centrado em uma garota de quatorze anos traumatizada, que teve que criar a irmã mais nova ao mesmo tempo em que lidava com os abusos da mãe bipolar e viciada em metanfetamina, é mais sério do que costumo ver nos livros voltados para jovens adultos. Acho, talvez, que o esforço da autora em adequá-lo a esse público alvo tenha sido o que prejudicou o resultado final. Há alguns vícios do gênero que soam deslocados ou desnecessários, sendo o mais obvio um romance que, embora soe mais verdadeiro pela justificativa encontrada pela autora, não acrescentou nada ao todo. A voz da protagonista, além da rapidez em que ela e a irmã se adaptam a nova realidade também soam artificiais em várias passagens. O maior defeito do livro é como os traumas das garotas não são tratados com a profundidade que o tema merecia.

OS CONTOS DE BEEDLE, O BARDO 

Título original: The Tales of Beedle the Bard 

Autor: J.K. Rowling 

Editora: ROCCO 

Ano: 2008 

Páginas: 128 

Sobre o que é: Coleção de pequenos contos de fadas para crianças bruxas; parte do universo de Harry Potter. 

Avaliação:

Não há muito que dizer... Peguei esse livro por causa do desafio de ler algo com ilustrações, mas estas não capturaram minha atenção. Quanto aos contos, alguns mais inspirados que outros, acabam quando começam a ficar interessantes. Os mesmos são intercalados por comentários de Dumbledore, que fala de suas origens, significados e importância como um crítico real avaliando um clássico, mas ele faz isso de forma didática e não especialmente interessante. Achei esquecível.

CIDADES DE PAPEL 

Título original: Paper Towns 

Autor: John Green 

Editora: Intrínseca 

Ano: 2013 

Páginas: 368

Sobre o que é: Quentin Jacobsen, um adolescente prestes a se graduar no ensino médio procura pela vizinha e colega de escola desaparecida, Margo Roth Spiegelman, por quem é apaixonado, seguindo pistas que ela aparentemente deixou para ele. 

Avaliação: 

Ah... 

Vamos começar pelo que eu gostei: há bons momentos entre Quentin e os amigos; algumas boas reflexões que seriam melhores se não fosse repetidas ad nauseam; um mistério que, apesar de ficar cansativo em certo ponto, fez sentido no final das contas; Lacey e Radar (os amigos que aparecem menos...)

Agora o que não gostei: Mago Roth Spiegelman principalmente. Não dá para falar exatamente a razão sem encher isso aqui de spoilers, então vou apenas revirar os olhos por meia hora para ilustrar o que estou pensando. 

Ben é outro personagem que não funcionou para mim. Entendi que ele devia ser o alívio cômico, mas na maior parte do tempo só consegui vê-lo como um grande idiota, especialmente quando falava de garotas. Não entendi o que Lacey viu nele, ainda mais sendo o tipo rainha do baile. Algum tipo de crise de pré-graduação? 

O final. 1000 vezes o final!!! Pior final de livro EVER. Ou pelo menos desse ano. #chateada

EU SOU MALALA 

Título original: I Am Malala: The Girl Who Stood Up for Education and Was Shot by the Taliban 

Autor: Malala Yousafzai, 

Editora: Companhia das Letras 

Ano: 2013 

Páginas: 360 

Sobre o que é: Biografia da garota paquistanesa Malala Yousafzai, que foi alvejada por membros do Talibã quando voltava da escola, por causa de sua militância em favor da educação para todos.

Avaliação:

O mais perto que costumo chegar de biografias são histórias sobre gatos e cachorros heroicos, então esse livro meio que caiu de paraquedas no meu colo. Inclui na lista porque é realmente um gênero ao qual dou pouca atenção e foi uma grata surpresa ver quão difícil foi larga-lo uma vez começado. 

O livro é um relato bem honesto da vida de Malala e sua família no Swat, região do Paquistão da qual são nativos, durante anos bastante turbulentos que englobam o 11 de setembro e a ascensão do Talibã. Há também muita informação sobre a história e cultura do país e regiões vizinhas. A campanha pela educação ao qual a garota e seu pai dedicam (e arriscam) suas vidas é excepcional. Confesso que o livro me deixou um pouco envergonhada por todas as aulas que matei no ensino médio... Recomendadíssimo.

CAIXA DE PÁSSAROS 

Título original: Bird Box 

Autor: Josh Malerman 

Editora: Intrínseca 

Ano: 2015 

Páginas: 272

Sobre o que é: Um evento atinge a humanidade, fazendo com que pessoas em todas as partes do mundo cometam assassinatos seguidos de suicídio após verem alguma coisa que as enlouquece. Com os olhos vendados, uma mulher e duas crianças tentam a sorte em um rio na esperança de encontrar um lugar seguro. Ao mesmo tempo ela se lembra dos eventos que a levaram a essa situação, quando vivia com um grupo de pessoas em uma casa anos antes, quando tudo começou.

Avaliação:

Decepcionante. 

O começo do livro é excelente. O autor foi muito eficiente em criar tensão e expectativa, mas o problema é que nunca chegou muito além disso. O livro intercala o presente, em que a personagem principal, Malorie, foge através do rio na companhia de duas crianças pequenas, os três vulneráveis por causa das vendas que os impedem de enxergar, e o passado, quando a mesma Malorie vivia com um grupo de pessoas que se uniram para sobreviver a fosse lá o que estivesse acontecendo no resto do mundo. 

O livro é eficiente em criar suspense, mas entrega muito pouca ação e praticamente nenhuma explicação dos eventos que levaram ao cenário apresentado. O maior problema, porém, é que o grupo de personagens isolado na casa não é apresentado de maneira eficiente, de maneira a fazer o leitor realmente se importar se algum deles vai sobreviver. Nesse aspecto a situação no rio causa mais expectativa. Há também uma tentativa de criar um vilão humano que faz pouco sentido e termina de forma infeliz. 

O final foi um pouco anticlimático, mas não a ponto de comprometer.

Eu sei, eu sei... Eu vivo para reclamar, não é mesmo? Já falei para a Leila me dar um chute toda vez que falar em ler um YA novo, já que encontro tantos defeitos neles, mas ela não tem colaborado. Viu? Não é minha culpa. 

Sobre os outros livros da maratona, vem ai um review esperneando sobre A Rainha Vermelha; provavelmente elogiando Alma? e tentando fazer algum sentido de Neuromancer. Até semana que vem!